Estrangeiros que falam espanhol têm facilidade ou dificuldade de aprender português?
O Brasil tem sido cada vez mais procurado como destino para a moradia de estrangeiros. Segundo dados do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), 151.155 imigrantes chegaram ao país ao longo de 2021. Motivados por diferentes fatores e circunstâncias, buscam por acolhimento e oportunidades.
No processo de adaptação, aprender a língua local facilita a continuidade dos estudos e a inserção no mercado de trabalho. No entanto, o português pode apresentar diferentes níveis de dificuldade para quem não o tem como idioma oficial.
Quem vem de um país de língua inglesa pode se complicar com o uso dos gêneros e a estruturação das sentenças. Já para quem fala francês, as pronúncias em português podem ser um obstáculo. Por fim, a proximidade do espanhol costuma causar confusão por conta dos falsos cognatos.
Para atender à demanda de imigrantes, há cursos de idiomas que oferecem o ensino de português para estrangeiros com o foco no atendimento específico das demandas dos alunos.
Índice do Conteúdo
Facilidades e dificuldades no aprendizado de português
Espanhol e português têm uma proximidade que torna o aprendizado mais fácil em alguns aspectos. Os dois idiomas surgiram do latim protorromânico e, por isso, reservam semelhanças. Uma delas é a estrutura dos termos na oração. Há, ainda, similaridades em palavras, o que ajuda na compreensão da escuta.
Nem sempre, porém, as palavras parecidas têm o mesmo significado. Esses falsos cognatos podem confundir os estudantes. Um exemplo é a palavra “aceite”. Em espanhol, ela significa azeite, mas em português é o ato de aceitar algo, dar um parecer positivo. Outro falso cognato é “despido”. Enquanto no espanhol ela significa demissão, em português pode apresentar dois significados: desprovido ou desnudo.
A fala também pode causar estranhamento. No português há um número maior de fonemas. Enquanto no espanhol as letras a, e, i, n, o, r, s, u têm uma pronúncia, na língua portuguesa elas podem mudar de som de acordo com a sílaba tônica ou posicionamento na palavra, por exemplo.
Imigrantes de língua espanhola buscam refúgio no Brasil
Entre os imigrantes que chegam ao Brasil, há uma parcela que vem na condição de refugiados. O termo é usado para definir pessoas que saem do seu país de origem por medo de perseguição racial, religiosa, política, por nacionalidade ou do grupo social. Também são refugiados aqueles que deixam seus países devido a uma grave situação de violação de direitos humanos, como guerras e insegurança alimentar.
Entre janeiro e junho deste ano, 1.720 pessoas de 121 nacionalidades diferentes se refugiaram no território brasileiro, segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Deste total, mais da metade (55%) era da Venezuela.
Desde a criação da Lei n.º 9.474/1997, que estabeleceu os mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados de 1951, a procura do Brasil como lugar de refúgio cresceu consideravelmente. Nos primeiros 11 anos de vigência da lei, entre 1997 e 2009, foram contabilizadas 2.488 solicitações de reconhecimento da condição de refugiados. Nos 11 anos seguintes, entre 2010 e 2021, o número aumentou mais de cem vezes, passando para 298.331, segundo dados do OBMigra.
Os imigrantes que chegaram ao Brasil a partir de 2010 vieram da Venezuela (59%), Haiti (13,3%), Cuba (4,1%) e Senegal (3%). Outros 20,6% eram de diferentes nacionalidades que, individualmente, somaram menos de 3%.
Venezuelanos e cubanos têm o espanhol como língua materna. No Haiti, a população fala haitiano e francês. A língua francesa também é usada pelos senegaleses.